terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lendo um texto que a professora de redação passou sobre um documentário que assistimos em sala de aula sobre o caso do 'Ônibus 174' me veio uma análise. Após assisti-lo eu me sensibilizei bastante com o que vi; Quanta falta de sensibilidade, quanta insensatez, quanto descompromisso e falta de cuidado com o próximo. Na verdade, é muito mais fácil sermos cuidadosos com quem conhecemos, com quem amamos, com quem convive conosco diretamente do quem com os estranhos, com os aflitos, com os que passam dificuldades, com os 'inimigos', com aqueles que possivelmente serão os malvados, é muito mais fácil fecharmos os olhos para esse tipo de pessoa, que no final talvez não possam ser considerados como tal.
Culpar o "menino Sandro" pelo crime atroz, talvez tenha sido um dos nossos erros, tentar linchá-lo como fez a população, matá-lo sem ar, enforcado, como os policiais fizeram, que consequentemente sairam impunes da situação por terem aliviado a sociedade de um bandido, possa ser que nos leve a pensar,assim como eu, refletir no outro lado da situação.
Foi mostrado no documentário aqueles que conheciam o menino Sandro, aqueles que conviveram, aqueles que puderam evidenciar uma parte até então desconhecida; Relatar sobre a personalidade, sobre a PESSOA, sobre a imagem que foi construída a partir dos atos e que a situação pôde tornar o Sandro, o vilão Sandro - Vilão este que jamais será esquecido pelos que viveram, pelos que sofreram, para quaisquer outra pessoa que tomou conhecimento do fato, assim como eu nunca esquecerei.
Diariamente, a vida nos mostra que tudo que se faz, se paga. O trabalho realizado pela Polícia Militar no dia 23 de julho de 1993, a impunidade sob a qual estes policiais mataram  na Chacina da Candelária 8 crianças amigas do Sandro, em plena madrugada enquanto dormiam, voltou com força durante o sequestro das meninas do ônibus de 174. O mesmo menino Sandro sobrevivente deste atentado cruel, tornou-se cruel e pagou na mesma moeda. E ele realmente pagou na mesma moeda.
Devo esclarecer que longe de mim estar julgando, defendendo, desmoralizando ou até mesmo endeusando alguém, entretanto contra fatos não se justificam argumentos, este é um problema que não será resolvido fechando os olhos, trancafiando, enjaulando como animais e até fazendo de conta que não existem Sandros espalhados pelo Brasil. É preciso cuidar deles, auxiliar, ouvir, educar, fazer com que esta revolta e esta crueldade interna não cresca e se espalhe pois cada Sandro, cada marginal, antes de ser marginal, é fruto  da falta de cuidado, de carinho, da exclusão, dos maus tratos que se aplicam hoje.

3 comentários:

  1. Concordo Nan! Acho que o Brasil tem muitas questões sociais pra resolver... e com a violência e a injustiça nada vai pra frente.

    Temos que cortar o mal pela raiz, analizando de onde tudo isso começa e investindo em educação e reintegração desses deliquentes na sociedade.

    Bjaum

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  2. Pois eh rpz... o grande problema é que o mal não está só na raiz, a árvore chamada Brasil está toda infectada. Não adianta investir numa educação que tem como coordenadores e diretores pessoas corruptas, assim como a politica, a segurança, a saúde...
    E não é só no Brasil não... o mundo inteiro está sujo, imundo para ser mais exato. A sociedade mundial está se destruindo...

    Certa vez, quando perguntado sobre como seria a 3ª guerra mundial, Einstein respondeu: "Não sei, mas a 4ª será com paus e pedras..."

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  3. Ótimo texto. Entretanto, eu não acredito que ele tenha pago na mesma moeda. O que é uma morte comparada aos milhares e milhares que são sujeitos a isso todos os dias?
    O que vimos foi uma polícia despreparada que mal sabia atirar...Se não sabem lidar com armas, como lidar com pessoas? Difícil, óbvio.
    Também levemos em consideração o fato de que de lá pra cá, a polícia avançou bastante, e há indícios que esteja mais preparada até que o exército americano - o que definitivamente não é nenhum mérito, não há razão para se orgulhar disso, pelo contrário. É uma vergonha.

    Só quero ver onde é que a gente vai parar e se caso pare ainda seremos gente.

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